Gostaria de saber qual seria a melhor forma de utilizar o “a” com crase, pois nunca tenho a certeza de que estou correto, quando venho a utiliza-lo.
Exemplo
“A solução para o problema veio à tona”
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- Não devia ser “a a” com crase?
- mas o que é crase?
- @JorgeB. cria uma pergunta. 🙂
- @JorgeB. A fusão de duas vogais iguais, alterando-se a pronúncia. è usado para tornar a linguagem mais dinâmica.
Answer
Há uma distinção importante entre crase e acento grave. Crase é um fenômeno linguístico (fonológico, acima de tudo) que pode ocorrer no seguinte contexto: duas palavras são pronunciadas em sequência, tais que o último som da primeira palavra é igual ao primeiro som da segunda palavra e esse som é uma vogal. Ocorre crase quando os falantes reduzem a pronúncia a apenas uma sílaba. Por exemplo:
Casa amarela.
Alguns falantes podem pronunciar algo como “casamarela”, enquanto outros irão pronunciar o “a” duas vezes, demarcando a separação por um pequeno espaço de tempo ou, menos comumente, usando a oclusiva glotal [ʔ]. No caso em que o “a” é pronunciado apenas uma vez, diz-se que houve crase.
Alguns tipos de crase, no entanto, são marcados explicitamente na ortografia, usando-se o acento grave (`):
- No encontro entre a preposição “a” com o artigo definido feminino singular “a”: “Fui a a casa”, que acaba sendo grafado como “Fui à casa”.
- No encontro entre a preposição “a” com o pronome “aquele” (e suas variações “aquela”, “aqueles”, “aquilo”): “fui a aquele lugar”, que normalmente se escreve “fui àquele lugar”.
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- ficou meio confuso de entender, mas acho que entendi(porém não tenho certeza)
- @PauloRoberto o problema está na tua pergunta. As duas coisas de que falas não estão relacionadas. Crase é uma coisa e acentuação grave em contracções de preposições é outra coisa diferente. A resposta explica isso bastante bem, na minha opinião.
- @Joum acho que entendi o problema, pra mim crase é o acento ao contrário utilizado no a: “à” só que na verdade crase é o “a a” kkkkkkkkkkkkkkkkkk que burro
- As fontes que consultei, Houaiss (Lisboa, 2003) e Wikipédia, não incluem em crase coisas como a pronúncia de casa amarela como se fosse casamarela ; incluem apenas as fusões permanentes de vogais idênticas como dolor > door > dor ou a a > à;
Answer
Usa-se crase, fenômeno indicado pelo pelo acento grave (`), quando há a fusão entre duas vogais iguais, normalmente entre o artigo a
e a preposição a
.
Exemplos:
Fui à cidade.
Ocorre crase.
Conheço a cidade.
Conheço – verbo transitivo direto – não exige preposição
a – artigo
cidade – substantivo feminino
Não há crase.
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- Se não estou em erro, é também correto dizer Fui a a cidade., apesar de incomum, o que torna claro que uma crase deveria ocorrer.
Answer
A crase, ou acento grave (`) acontece para marcar a fusão entre duas letras “a” que ocorreriam juntas, geralmente a preposição “a” e o artigo definido feminino “a”, mas também pode acontecer no pronome “aquela”.
A regra mais simples que você se valer para identificar é a seguinte: se você consegue trocar o substantivo ao qual o artigo definido feminino se refere por um substantivo masculino e aparecer a construção “ao”, significa que a construção original necessita de uma crase em “à”.
Por exemplo, se tem dúvida se há ou não a crase em
Farei uma viagem a França.
Tente trocar o objeto por um substantivo masculino e tente montar a frase.
Farei uma viagem ao Marrocos.
A frase pede o aparecimento da construção “ao” quando se utiliza o objeto masculino pois a locução verbal “Farei uma viagem” é transitiva indireta, ou seja, demanda uma preposição “a”. Quem faz uma viagem, faz uma viagem a algum lugar. Portanto a frase correta acima seria “Farei uma viagem à França”.
Vê-se que conhecer bem o uso da crase depende de se conhecer bem as regências verbal e nominal para se ter certeza de que se demanda a preposição “a” em cada caso.
No exemplo que você cita, “à tona” é uma expressão, portanto já é consagrada pelo uso exatamente com essa grafia. De acordo com https://www.coladaweb.com/portugues/uso-da-crase-quando-ha-ou-nao-crase, sempre utiliza-se crase nesses casos:
13) Em locuções adverbiais, conjuntivas ou prepositivas formadas por palavras femininas:
Adverbiais: às pressas, à tarde, à noite, à toa, às escondidas, à força, às cegas. Conjuntivas: à proporção que, à medida que. (Exceção: a prestação.) Prepositivas: à falta de, à espera de, à vista de, à beira de.
Answer
Repare que se eliminar a parte final da frase, fica com:
A solução para o problema veio (a algum lado).
Isto é, o verbo exige ser seguido de uma proposição, que estabeleça a ligação com o grupo nominal – neste caso, “a toa”.
Repare que podia igualmente escrever: “A solução para o problema veio de cima” ou “A solução para o problema veio do livro”. No segundo caso, ocorre a fusão entre “de” e o artigo “o”, no entanto, no primeiro, não é necessário fazê-lo, porque “cima” não é antecedido por um determinante.
Assim, no caso de usar a proposição “a” e um nome que seja antecedido de um artigo (“o”, “a”, “os”, “as”), deve proceder à fusão (“ao”, “à”, “aos”, “ás”, respectivamente).
Em caso de dúvida, tente separar o nome/grupo nominal, usá-lo noutra frase, e perceber se ele tem de ser antecedido do artigo (“a”) ou não, para perceber se ocorre essa fusão ou se usa só a proposição “a”.